2.2.14

O Carrossel "Audaxcioso"

Em pleno Pacaembu, Santos e Audax ficam no empate: 
E olha que ficou barato para o Peixe...

Apesar de ser o único estreante do Campeonato Paulista de 2014, o Grêmio Osasco Audax aparece nas manchetes pelos resultados obtidos, como o empate com o Santos por um gol ou a vitória frente a Portuguesa por 4 a 2. O que poucos sabem é que, mesmo tendo menos de 30 anos de existência, o time já acumula várias curiosidades e polêmicas em sua breve história. 

Um time de empresários que tornou-se promissor 

Fundado no final de 1985 sob o nome de Pão de Açúcar Esporte Clube, o time criado pelo empresário Abílio Diniz tinha uma proposta simples: criar um clube que pudesse promover a prática de esporte a crianças e jovens de baixa renda que fosse patrocinado pela rede de supermercados da família. Tanto que, o foco do projeto inicial era o atletismo. Futebol mesmo, só a partir de 2003. 

Ainda assim, o clube não havia se profissionalizado. Tornou-se basicamente um celeiro de atletas promissores que acabavam nas mãos de empresários e partiam para outras equipes do interior do Estado. Apenas em 2007 o PAEC ingressou na Série B Paulista (quarta divisão estadual). 

Dono de campanhas avassaladoras, passados três anos, já estava na Série A-2. Com o objetivo de atrair mais torcedores, mudou o nome pela primeira vez e tornou-se o Audax São Paulo. Com campanhas cada vez mais regulares tanto na Segundona quanto na Copa Paulista (torneio disputado no segundo semestre com equipes que não participam do Campeonato Brasileiro e dá vaga a Copa do Brasil, cujo o Audax foi vice-campeão em 2012 e 2013), o acesso parecia questão de tempo. 

Em 2013, mais mudanças. Além da inédita conquista do acesso para a divisão de elite do Campeonato Paulista, o Grupo Pão de Açúcar alegou que o projeto havia tomado proporções inimagináveis e decidiu vender o clube a um dos seus maiores rivais durante toda permanência nas divisões inferiores paulistas, o Grêmio Osasco

A polêmica decisão não foi bem vista por nenhum dos dois lados já que audaxenses alegam que o Grêmio Osasco “usou” o acesso do rival para fazer com que o município da Grande São Paulo enfim tivesse um clube na Série A-1. Os osasquenses, por sua vez, não se sentem familiarizados com o novo time... 

Uma tática “audaxciosa”: o Futebol Total

Desde que o ex-meio-campista Fernando Diniz foi contratado para ser o treinador do Audax, no ano passado, o time apresentou uma nova proposta de jogo. Numa mescla entre o “tiki-taka” espanhol e o carrossel holandês de 1974, os lobos vermelhos trouxeram uma inovação tática nos gramados paulistas, o Futebol Total.
O 3-3-3-1 com variações de 3-4-3 e 4-5-1 implantado pelo novo treinador inova em diversos sentidos: 

Não há posição fixa. Com exceção ao centroavante que fica mais fixo no ataque, todos os atletas circulam pelo campo tanto na defesa quanto no ataque. É por isso que o lateral Velicka muitas vezes apresenta-se como um verdadeiro ponta ou o veterano volante Francis torna-se quase que um beque central... 

Não há chutão. A exemplo do que pratica o Barcelona, o time geralmente detém a maior porcentagem de posse de bola em suas partidas, já que os jogadores costumam sair jogando e o toque de bola é prioridade. Logicamente, a premissa de não desperdiçar a bola tentando um lance menos costumaz faz com que o time arrisque poucos chutes de fora da área e seja pouco efetivo. 

Não há marcação homem-a-homem. A marcação é feita por zona, de acordo com os setores em que os atletas estiverem no momento em que perderem a bola. É normal ver o ponta Caion recuado marcando o avanço do lateral adversário ou o zagueiro João Paulo marcando no campo de ataque... 

Não há retranca. O Grêmio Audax Osasco prioriza a marcação sob pressão. Não há excessos defensivos e o time propõe-se a pressionar o rival. Não à toa, sofre com os contra-ataques, nos quais o bom goleiro Felipe Alves pouco pode fazer. 


Obviamente, não é sempre que o esquema revolucionário dos aurirrubros traz resultados. Afinal, por várias vezes o time acaba punido por sua ausência de objetividade ou por alguma desobediência tática de seus jogadores. Mas uma coisa é certa: quem não viu nenhum jogo do Grêmio Osasco está perdendo a oportunidade em ver um time diferente, longe da mesmice conservadora da maioria dos times pequenos.

Nenhum comentário: